Orar com ação

“Pela prece, o homem atrai o concurso dos bons Espíritos, que o vêm sustentar nas suas boas resoluções e inspirar-lhes bons pensamentos”. ( Item 11,  capítulo XXVII, Evangelho Segundo o Espiritismo- Allan Kardec).

                A prece é o elo que aproxima a criatura humana à providência divina.

                Jesus, o divino amigo, em oportunidades variadas ensinou a humanidade o cultivo frequente da prece, esse banho renovador de forças espirituais, tão necessário a qualquer ser humano, pois que se o corpo físico requisita   alimento material para manter suas energias, a nossa constituição espiritual solicita vibrações saudáveis para se manter em equilíbrio.

                No entanto, equivoca-se quem vive apenas de contemplação e recolhimento, pois que a prece ganha mais força e se torna muito mais abrangente e atinge o seio da espiritualidade superior quando vem revestida do trabalho, ou seja, da ação. A própria expressão diz: oração, isto é, orar com ação, com atitude, com exemplo, com labor.

                Oremos sim, sempre, mas sem olvidar a necessidade da  ação, como sustentáculo básico para o seu dinamismo e valor.

                Sabendo disso, podemos elevar nossos pensamentos as esferas superiores da vida,  sem descuidar de servir à infância desvalida ou órfã, que perambula pelas ruas da indiferença, verdadeiro nascedouro de criaturas desequilibradas e perigosas, oferecendo a esses “pequenos” desorientados, uma expectativa de vida  calcada nas lentes da esperança, para que vislumbrem possibilidades de soerguimento e direção.

Podemos fazer isso participando em educandários ou instituições que se prestam a oferecer aos mais carentes,  cursos de bordado, pintura em tela, em tecido, cursos de computação, oficinas profissionalizantes, aulas de música, de reforço escolar,  e outros..

Caso não tenhamos tempo para tanto ou habilidade para tais cometimentos, não estamos impossibilitados de fazer campanhas para angariar o material indispensável para o desenvolvimento das referidas atividades, ou mesmo contribuir financeiramente para isso, pois que, via de regra, os grupos de trabalho que laboram em favor dos desprovidos materialmente, o fazem em extremas dificuldades financeiras e materiais.

Podemos também, em clima de prece, observar a velhice esquecida, onde uma grande quantidade de irmãos nossos seguem seus dias em total solidão, abandonados pela família e ignorados pela sociedade.

A idade avançada, por si só já acarreta uma série de sofrimentos e aflições, pois que influenciando na saúde e na limitação de movimentos, impõe à criatura uma vida bem mais difícil, acrescido o abandono, a solidão e o descaso dos mais jovens,  transforma a existência do idoso num marasmo de dor e desespero.

Orando sempre, se quisermos, poderemos criar melhores condições a esses nossos irmãos de amargura, juntando-se a eles visando formar grupos de terceira idade, ministrar aulas de ginástica, de natação, aulas de bordados, tricô, crochê, dança, recreação e tanto mais, pois se  movimentarmos  a nossa vontade, encontraremos amigos e companheiros que animam o mesmo propósito, então, a união faz a força e a diferença.   

Sejamos fieis à sintonia com Jesus, não esqueçamos de buscar, pelo pensamento e reflexão, a proteção de Deus, mas façamos isso praticando todo o bem possível, nossa prece será bem maior e os benefícios dela serão mais amplos, pois que estaremos acrescentando o fermento do trabalho, com notáveis doses de amor ao próximo. Em verdade, assim agindo, estaremos orando com ação, chegando portanto, à definição exata do termo: oração.

Pensemos nisso, deitando reflexões sobre o valor e a importância do banho renovador das energias espirituais, sem olvidar o trabalho metódico em favor dos mais necessitados, numa simbiose perfeita entre a providência divina e nós.