A violência que alimentamos

“Pedro: Embainha a tua Espada”. ( Jesus- João 18:11)

                Frequentemente reclamos da violência que campeia à solta ao nosso redor. Destacamos a violência visível, palpável, aquela que salta aos nossos olhos nas ruas, nas praças esportivas, nos lares,  no trânsito, sem percebermos que tal realidade é a explosão coletiva dos sentimentos violentos que ainda alimentamos em nossa intimidade.

                Vivendo num mundo de expiações e provas, pois que nossa condição espiritual é ainda muito acanhada e fazendo o uso da razão há quarenta mil anos, conforme nos ensina André Luiz, no capítulo I,  do livro “Libertação, psicografia de Francisco Cândido Xavier, o que deu origem a tantas diferenças entre as criaturas, pois que cada uma teve a liberdade de caminhar com total independência por todo esse tempo, ainda não estamos sabendo conviver socialmente, diante desse mosaico de direitos e deveres que precisa, urgentemente,  ser considerado e respeitado.

                Ao denegrirmos a imagem de uma pessoa estamos cultuando a violência, pois que nesse momento emitimos vibrações de natureza inferior na direção dela, criando uma ambiência pestilenta para nós e para ela.

                Agindo com egoísmo na defesa somente dos nossos interesses, menosprezando a necessidade dos irmãos que seguem conosco pelas estradas da vida, desenvolvemos a violência que  prejudica a paz que desejamos.

                Dando vazão ao orgulho que carregamos no âmago, que nos faz acreditar que somos melhores e mais importantes que os outros, alimentamos a violência que, mais cedo ou mais tarde, trará os deletérios reflexos de que é detentora.

                Mantendo a insensibilidade para com a dor e o sofrimento que assolam tantos seres humanos, vitimando famílias , comunidades e mesmo nações, acomodamos a violência que nos faz indiferentes e descuidados ante os padecimentos e aflições que torturam corações.

                Sendo adeptos de manifestações populares agressivas e desordeiras, deixamos evolar da nossa intimidade a violência que dormitava aguardando apenas o momento de despertar.

                Usando a tirania e o despotismo no ambiente familiar, descuidados da responsabilidade de conduzir decentemente os filhos que estão sob a nossa guarda, demonstramos o quanto de violência ainda reside conosco, nascedouro de rios de lágrimas e montanhas de infelicidades.

                Conservando o mau humor e a rabugice  , pelos ambientes em que convivemos, deixamos um rastro de violência que fere e incomoda quem se relaciona conosco.

                Uma vez que as criaturas, em sã consciência e plena lucidez de raciocínio desejam viver em paz e felizes, todas as  vezes que agirmos contrariando essa vocação natural das pessoas, estaremos exercitando a violência.

                Portanto, se a violência visível, palpável e amedrontadora está nos incomodando, com seus reflexos nocivos e apavorantes, reflitamos maduramente, no desejo de identificar o quanto estamos contribuindo para que essa mazela, tão perniciosa e destruidora, tenha a dimensão dos dias atuais. Não esqueçamos de que um incêndio devastador tem início numa pequena chama e que  uma  enchente avassaladora  é a somatória de gotas d’agua.

                Não basta apenas gritar, reclamar e espalhar descontentamento, será preciso agir colaborando para a serenidade dos ânimos, principalmente não esquecendo a imprescindível e urgente necessidade da vivência prática das oportunas lições contidas no Evangelho de Jesus Cristo, especialmente quando Ele solicita, através de Pedro, que embainhemos nossa espada.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

quatro + 4 =

Botão Voltar ao topo