A união faz a força

O saber e o viver do gabiru, era passado de pai para filho e assim sucessivamente. Qualquer trabalho que fosse fazer, primeiro o pai fazia devagar até que o menino ou menina aprendesse. Isso acontecia no dia a dia da roça. Se fosse fazer um balaio, encabar enxada, plantar com a matraca ou encilhar cavalo na charrete, ou de montaria, tudo era muito bem explicado para que tudo saísse perfeito.

Seu Cassiano, nas rodas de conversas à noite no terreiro, além de explicar muito bem explicado, fazia questão de demonstrar na prática. Certa feita surgiu o tema de que se os caboclos se juntassem, a força seria maior. Falou isso e em seguida, pegou um maço de varetas fina de bambu e pediu para que um dos homens quebrasse uma delas. A primeira foi fácil. Depois ele deu o maço inteiro e pediu que fizesse o mesmo partindo ao meio. Claro, o caboclo não conseguiu. O exemplo que vocês viram deve ser seguido por todos nós. Se nos mantermos unidos, ninguém consegue nos quebrar. A união faz a força, disse.

No meio da roda, o Maneco da dona Rosa, pediu a palavras pra falar de uma passagem que ilustrava bem o que seu Cassino havia acabado de dar o exemplo. Disse que certa vez, estava no meio do mato cortando um tranco de guatambu para encabar uma enxada quando viu no trilho do gado, uma cobra subindo numa árvore e desavisadamente se aproximou de um enxame de abelha Europa. Nisso uma delas veio voando em direção ao réptil e deu-lhe ferroada que a cobra nem sentiu e continuou subindo na galhada. Para surpresa do Seu Maneco, em instantes, viu surgir metade do enxame. A cobra foi picada por centenas delas. Não demorou para que ela caísse ao chão se contorcendo de dor. Quanto mais ela tentava se livrar das picadas, mais picadas tomava. Não demorou para que a cobra fosse derrotada por pequenas abelhas. Todos entenderam o exemplo que o Maneco da dona Rosa deu.

Voltando no tempo. Interessante que me lembrei dos meus antigos amigos e seus conselhos maravilhosos, ao ver num desses canais pagos, uma cena que me levou imediatamente ao passado e me fez lembrar as figuras do seu Cassiano e do Maneco da dona Rosa. A TV mostrou uma enorme serpente rastejando sobre folhas secas e, desavisadamente se aproximou de uma correição ̶ correição é o conjunto de formigas, segundo o Aurélio.

A princípio foram duas ou três a defender seu território. A cobra nem se alterou, em seguida centenas partiram para cima dela que se viu atordoada diante de tantas picadas. A infeliz diante da morte eminente, tentava a todo custo se desvencilhar dos seus algozes, quanto mais se esgueirava, mais formigas juntavam. Com suas garras cortantes, fizeram da serpente milhares de pedacinhos que imediatamente eram levados para suas tocas. Em minutos a cobra que não deu importância para duas ou três formigas, teve um triste final. Seu esqueleto jazia inerte.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

11 + catorze =

Botão Voltar ao topo