Fechando o ciclo
É de bom tom cumprimentar quando se chega e dizer um “até logo” quando se dará um hiato necessário – particularmente não gosto de “tchau” ou de “adeus”, pois “a vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida”, como disse nosso poeta Vinícius de Moraes no Samba da bênção. É comum voltamos a trombar com pessoas que nunca imaginamos rever.
Farei uma coluna de balanço deste ano que se passou, pois, como todos já sabem, sou pré-candidato a prefeito de Votuporanga e é salutar que eu não use minha posição de articulista na campanha, que se inicia em 16 de agosto de 2024.
Apesar dos papéis sociais do analista e do político serem diferentes, a mistura aos olhos dos leitores poderá ser inevitável, então todos os grandes jornais que têm políticos como colunistas acabam pedindo para que deem uma pausa.
Em outros tempos, no ano de 2021 e 2022, também usei este nobre espaço do jornal para escrever crônicas mais focadas no mundo jurídico e elas foram reunidas em um livro que será publicado em breve sob o título “Crônicas Jurídicas & Cinema”.
Demos o pontapé inicial na coluna “Vespeiro” em 07 de julho de 2023, cujo objetivo central era realmente enfrentar questões polêmicas, de maneira sóbria, nas searas política e jurídica. Aliada da escrita, desenvolvi uma atividade político-partidária que me permitiu retroalimentar a teoria e entender muito melhor os bastidores e o xadrez da disputa por posição e por pautas.
Como articulista passei por temas muito interessantes, trazendo a visão mais atualizada possível, como os conceitos de direita e esquerda, o de conservadorismo, concentração de poder e corrupção, aborto, segurança pública, participação política, comunismo, partidos políticos, o espectro das direitas, meritocracia, PL da homofobia, ataque de Musk ao Ministro Alexandre de Moraes, entre outros.
Já na prática político-partidária, comecei como advogado do Partido Liberal (PL) em 2022 a convite do ex-deputado federal e ex-prefeito João Dado. À época ele se preparava para as eleições de Deputado Federal.
E como disse a Presidenta do PT Gleisi Hoffmann da última vez que nos encontramos, hoje já não se sai mais de campanhas eleitorais, emenda-se uma na outra. Assim, após a vitória do Presidente Lula, os grupos políticos locais já começaram a se articular para as eleições municipais de 2024. Como o ex-deputado João Dado não logrou êxito em sua caminhada eleitoral pelo PL, procurou outra sigla, o PSD, do qual também fui advogado em Votuporanga.
Porém, sem mandato é difícil “dar as cartas” em qualquer partido e, na sequência, o PSD que estava sob domínio do ex-prefeito, migrou para o prefeito eleito Jorge Seba. E por não concordar com a maneira que a cidade vem sendo gerida há 6 mandatos, restou-me sair do PSD.
Neste contexto fui procurado por um vereador à época que buscava um movimento de oposição à gestão, visando a se cacifar para pleitear secretarias ou cargos na Prefeitura. Por não concordar com esta oposição fraca e fisiologista, percebi que não era por aí meu caminho.
Após isso, houve uma tentativa de reunião de todas as figuras em um grupo político bastante heterogêneo, suprapartidário, que englobava um amplo espectro político, desde a esquerda até a direita, que tinham em comum a busca por uma alternativa para Votuporanga.
Pisamos em ovos por alguns meses e depois cheguei à conclusão de que, se desse grupo saísse um candidato ligado à esquerda e ao lulopetismo, perderíamos a ala bolsonarista, e vice-versa. Esquerda e direita já são conceitos difíceis de serem delimitados; explicar a intenção do grupo de oposição na campanha eleitoral seria ainda mais difícil.
O grupo de dissolveu nos quatro grupos políticos que estão hoje no pleito eleitoral: o grupo que represento com a ala de centro-esquerda; alguns voltaram para a situação, ou seja, para o Deputado Carlão Pignatari e para o prefeito Jorge Seba; outros se reuniram em torno do advogado Hery Kattwinkel e outros em torno do empresário Dalbert Mega, que está na extrema-direita.
Assim, minha trajetória está sendo e será pela reconstrução democrática da centro-esquerda no noroeste paulista, carente de lideranças deste matiz político, algo pelo qual sempre trabalhei em bastidores desde as manifestações de 2013 no Rio de Janeiro. Comprometi-me com as altas lideranças do Partido dos Trabalhadores, inclusive com o Presidente Lula, a fazer um projeto sólido de agregação da militância, dos movimentos sociais e dos sindicatos pela luta por políticas públicas.
Para encerrar, para mim é um orgulho ter sido escolhido para capitanear um dos grupos e poder participar da feitura da história de nossa cidade.
Desejo a todos os adversários políticos uma boa campanha; aos de oposição, que proponham melhorar o que está bom e mudar o que está ruim. Alea jacta est!