Fato verídico; a gratidão de Mariazinha

As atividades mediúnicas, na Casa Espírita, seguia seu curso normal de socorro aos Espíritos sofredores. Os encarnados ali reunidos se esmeravam em esforços, junto  aos benfeitores espirituais, para aliviar as dores e os padecimentos que torturavam muitos desencarnados em penúria.

                Foi quando um Espírito se apresentou pedindo socorro, pois que não conseguia respirar e tinha urgente necessidade de um médico. Obviamente acreditava ainda estar vivendo num corpo físico, desconhecendo sua situação de desencarnado.

                Mandara chamar o médico da Vila, mas como eram inimigos, o facultativo se recusava  a atendê-lo. Afirmava que ele não gostava do médico e nem o médico gostava dele.

                O irmão que dirigia as ações mediúnicas daquela noite sugeriu a ele que o socorro já estava em andamento e que outro médico fora chamado e prestava-lhe os devidos cuidados.

– Este médico é bem mais jovem, acusa o doente.

– Sim, mas é muito competente. Está colocando uma mascara em seu rosto para que respire aliviado. Ele lhe oferece um remédio para sanar a dor do seu peito. Obedeça ao que ele determina. Tome o medicamento.

– Estou melhorando…. estou bem melhor.

                Nesse instante o amigo encarnado o esclarece sobre a sua condição espiritual, informando-o sobre a sua morte física e consequentemente a sua  chegada à vida espiritual.

– Não conheço  vocês. Porque estão cuidando de mim uma vez que nunca me preocupei em ter amigos. Tive muitas posses e vivia com minha mãe. Mas ela morreu. Nunca fiz nada de bom para ninguém, fiz sim foi muitas barbaridades, sou um criminoso, fui muito odiado e tinha muitos inimigos.

– Você acredita que nunca fez nada de bom? E a Mariazinha?

– Como você sabe disso? É um adivinho?  A Mariazinha era uma andarilha conhecida como Maria Louca. Vivia pelas estradas. Mas o que fiz a ela foi pouco diante do que ele fez pela minha mãe.                                                                               Um dia voltava para minha casa quando ela me parou na estrada e pediu uma carona. Fiquei com pena dela, pela sua situação, estava em farrapos e com fome. Então, a levei para minha casa. Lá minha mãe a acolheu e a amparou. Ela foi ficando lá, ajudando nas tarefas da casa. Minha mãe adoeceu e quem cuidou dela com muito carinho e zelo foi a Mariazinha, até o dia em que ela morreu.

                Então, na casa da fazenda ficou eu e ela, mas apesar de todos os meus muitos defeitos, sou uma criatura respeitadora. Não poderia ficar sozinho com ela, então determinei que fosse feita uma casinha para acomoda-la, com mobiliário e tudo. Nessa casa ela viveu ainda um bom tempo até que a velhice chegou e a morte a levou também.

– Mas o que tem a ver a Mariazinha diante do socorro que estou recebendo agora, embora tendo a consciência de que nem mereço tanto, ante as barbaridades  feitas nesse mundão de Deus.

– As leis de Deus, meu irmão, são de amor e de justiça, jamais  de castigos e de punições. Claro, que pela lei de causa e efeito, haveremos de conviver com os reflexos negativos das nossas ações infelizes, mas a mesma lei nos garante o direito de experimentar a alegria do bem vivenciado. Sendo assim, veja agora, quem solicitou a Deus que você fosse socorrido, observe quem se aproxima de você.

– Não acredito, é você Mariazinha…..

                Os instantes seguintes foram de pranto emocionado.

                Mesmo no contexto de uma vida mergulhada em erros e equívocos, bastou uma ação no bem para que a Providência Divina se curvasse em favor daquele irmão necessitado. Ele haverá de responder pelo mal que fez mas o bem sempre será uma notável atenuante em seu favor.

                Reflitamos….

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