Mais verde para menos calor

Calor intenso, falta de chuva, temporais e as pessoas continuam a cortar árvores. Abílio Calile Júnior, conhecido como Abilinho, é um dos principais militantes na questão da arborização urbana. Mas o seu trabalho vem de vinte anos, quando em 2003, começou com o projeto de educação ambiental Maritaca, com crianças das escolas municipais do 1º ao 5º ano. Primeiro foi apenas uma classe de 40 alunos e hoje o projeto está nas trinta escolas do município, inclusive nas creches.

Os maritaquinhas já são famosos e Abilinho explica como surgiu este nome:

“Quando nos unimos para fazer o grupo surgiu a dúvida de como se chamaria. A Esther Morado, que trabalhava na Secretaria do Meio Ambiente, na administração do Carlão, sugeriu este nome, porque um bando de crianças faz o mesmo barulho de um bando de maritacas.”

Quanto a situação do verde na cidade Abilinho diz que “estamos em uma época lamentável. Eu digo sempre que o maníaco da moto-serra está solto. Eu não entendo como as pessoas cortam as árvores num calor que está tendo e não chegamos nem no verão. Eu acho que as pessoas pensam que como a árvore não fala e não corre, que ela não tem sentimento. É um servivo. Porque matar uma árvore sem dó, só pensando que um ser morto, e não é”.

Uma questão que Abilinho considera ilóca é o fato das pessoas não plantarem árvores em frente às suas casas, mas usam diariamente as sombras das casas dos vizinho que têm árvores frondosas. Ele completa dizendo que “todo mundo gosta da sombra, mas nem todo mundo gosta das folhas que caem no chão, então é uma luta”.

Abilinho, no entanto faz um alerta:

“Votuporanga tem várias leis, temos o Disque árvore, que você pode ligar que a Saev vai lá e planta uma árvore para você. Tem a lei que para você retirar o habite-se, é preciso ter uma árvore em frente ao imóvel, tem as leis da poda, mas nada disso parece que está adiantando. Agora, quando alguém manda uma foto de árvore que foi cortada, eu já mando para a Saev, com endereço, porque assim eles podem mandar o fiscal. E a multa é grande. Então, você que está cortando árvores à noite ou aos domingo, fique atento porque estamos de olho. Porque mesmo depois de cortada, se o fiscal for até a sua casa, você vai arcar com uma grana”.

Outro alerta que Abilinho faz é que na hora da poda existem regras. A árvore precisa manter 70% da sua copa intacta. Ele diz que “esse negócio de cortar tudo, sem deixar uma folhinha, não é poda, é escalpo. Tem também muitos podadores que não têm noção. Você contrata ele para podar a sua árvore e ele vai lá e corta tudo. É preciso ter uma capacitação, uma noção de como se faz. Já tivemos um curso de capacitação e a Saev está querendo fazer novamente para ver se diminui esse problema.”

Há o problema dos fios que ficam entre as árvores, mas Abilinho lembra que “quando você vai plantar uma árvore é preciso ver se na sua calçada passa a rede de energia. Se tem fio, plante uma árvore de porte menor, que não vai atingir os fios. Mas não há o respeito. Hoje mesmo recebi uma denúncia de podas que foram feitas perto da Santa Casa que acabaram com a árvores, por causa do fio. É muito mal feito.”

Há a discussão sobre o plantio de árvores frutíferas, mas Abilho contesta:

“Existe uma lei que proíbe o plantio de árvores frutíferas nas calçadas. Quem fez esta lei, não sei o que o levou a fazer isso. Tem lugar na Europa que tem laranjeiras em várias ruas, no Belém do Pará tem mangueiras. Eu não entendo. Um ex-vereador aqui em Votuporanga mandou cortar uma árvore que tinha mais de 20 anos. Ela estava no centro da avenida e ele foi lá e mandou cortar. Isto causou revolta dos vizinhos. Eu não entendo o porquê”.

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