Uma história real: o que pode fazer um gesto no bem

A reunião mediúnica seguia seu roteiro quando se apresentou, pelo processo psicofônico, o Espírito Leôncio extremamente revoltado e indignado por estar ali, impedido de realizar seus propósitos de continuar disseminando o mal.

                Afirmava que quanto encarnado era um sanguinário e que no mundo espiritual continuava sua sanha, pois que nada de bom possuiu e que nada de bom também esperava da providência divina. Não tinha mais armas mas tinha o poder de influenciação e se prestava a desviar jovens dos caminhos da dignidade, sob o comando de organizações trevosas.

                Atendido com educação e carinho a ele foi dito que na qualidade de filhos de Deus ninguém está entregue a inutilidade absoluta ou abandonado de qualquer assistência, mas ele, determinado, resistia a qualquer tentativa de demovê-lo das ações malévolas.

                Foi quando o orientador da reunião mediúnica começou a narrar:

                Lembra-se Leôncio, de uma manhã radiosa de domingo em que você saiu a visitar um setor de sua propriedade rural?

                – Eu tinha muitas propriedades, eu era rico, poderoso, temido.

                Você caminhou na direção de uma mangueira frondosa onde seus empregados acostumavam descansar e tomar refeições nos dias de trabalho. Ao se aproximar ouviu barulhos que identificou como sendo a presença de pessoas sob aquela árvore. Avançou um pouco mais e percebeu que havia crianças e chegando mais perto observou que ali, embaixo de uma cobertura estava uma família inteira. Pai, mãe e quatro filhos, sendo um deles recém-nascido.

                Logo o pai de família, por conhecer sua fama de homem amedrontador, se adiantou e pediu desculpas por estarem ali, informando que não tinham para onde ir, foram despejados de uma propriedade vizinha, e não sabiam o que fazer da vida, mas que sairiam dali em busca de alguma oportunidade.

                Você Leôncio, observando aquele quadro de imensa dor e angústia, se comoveu e convidou a família a segui-lo. Os visitantes, apavorados, temiam pela sorte. Você insistiu e eles o seguiram.

                Na sede da fazenda, narrando o ocorrido a esposa, ambos providenciaram alimentação aos irmão desorientados. Posteriormente, num gesto de solidariedade, determinou que a família fosse instalada numa pequena casa desocupada e chamando seus peões, fizeram um mutirão de limpeza do imóvel, juntaram alguns pertences e instalaram a família naquele local.

                Deu emprego ao chefe de família.

                – Mas como o senhor sabe disso tudo. O Senhor é um cigano?

                – Não, apenas registramos o que a sua própria mente está refletindo.

                O tempo passou, suas duas filhas se casaram e foram morar distante. Os três filhos mais velhos do casal também casados seguiram seus caminhos. Logo após o agora amigo e compadre contraindo maleita, desencarnou, pouco depois sua esposa também partiu.

                O Filho caçula, o Nenê, como você o chamava, deveria escolher se moraria com um dos irmãos ou ficaria na fazenda. Foi então, que você Leôncio, que sempre teve por ele um carinho muito grande, o convidou a morar com você.

                Ele se transformou no filho homem que você sempre quis para ajudá-lo nas lides nas propriedades. Cuidou de você, da sua esposa com carinho e desvelo. Quando você decidiu em doar seus bens, o incluiu também na partilha em igual condição com as filhas.

                – Mas por que o senhor está me lembrando de tudo isso se eu sou um criminoso sanguinário que não merece consideração alguma?

                – Não, meu irmão, não é verdade, todos somos filhos de Deus e o Pai Celestial a ninguém desampara. Estamos relembrando tal fato para que você perceba que ninguém é totalmente mau. Somos sim imperfeitos, mas também fazemos coisas boas.

                – O bem que você fez àquela família permitiu o socorro de hoje. Olhe para frente e veja quais pessoas interferiram junto a Deus, pedindo que você fosse amparado.

                Nesse momento, Leôncio, estupefato e emocionado divisa à sua frente, com sorrisos estampados no rosto e braços abertos, o casal que num domingo, encontrou debaixo de uma mangueira e acolheu em sua propriedade.

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                Sendo verdade, que pela lei de causa e efeito, deveremos colher as consequências do mal que fazemos, não é menos verdade que receberemos, incontestavelmente, todos os benefícios do bem que plantamos.

                Leôncio responderá pelos erros cometidos, mas terá atenuantes nascidas das ações do bem.

                Reflitamos

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